A relação entre a madeira e o cupim, como um agente predatório, é extremamente abordada no nosso cotidiano. Quando transpomos esta narrativa para a ótica do lar, a associação se torna ainda mais preocupante, visto que quando realizamos um investimento como um piso de madeira para nossa casa, queremos que este tenha maior vida útil e não nos cause transtornos. Vivemos em um pais tropical, e os organismos xilofogos existem e podem ser evitados, para isso, precisamos desconstruir alguns mitos sobre esta relação incomoda e entender o comportamento deste animalzinho.
Os cupins são insetos da ordem Isoptera, possuem comportamento de colônia com castas sociais bem divididas e são mundialmente conhecidos como pragas, não apenas em relação ao seu potencial destrutivo à madeira, mas também ao setor agrícola e civil, mas vamos nos ater ao cupim de madeira seca – os que se alimentam apenas de celulose e constroem suas colônias dentro de madeira.
Estes insetos são conhecidos como Eussociais, assim como as abelhas e as formigas. Isso significa que eles vivem em colônias, de maneira hierárquica e com distribuições de funções bem definidas entre soldados, operários e reprodutores, além do rei e rainha. Normalmente, encontraremos cupins do tipo soldado – responsáveis pela segurança da colônia – ou operários – que constituem a maior casta e são responsáveis por alimentar a colônia inteira.
Os cupins de madeira seca buscam a celulose, o seu alimento vital, em lugares preferencialmente úmidos. Normalmente detectamos os primeiros pontos de infestação em superfícies de MDF ou em papéis (livro, papelões, pilhas de jornal), materiais ricos em celulose e de fácil digestão. As madeiras maciças, por sua vez, na contramão do senso comum, são geralmente o último alvo a ser atacado, exatamente por apresentar-se como um alimento de digestão mais complexa para o cupim, não sendo um material atrativo à primeira vista, mas se caracterizando por ser um ótimo local para construir colônias – o cupinzeiro.
É comum encontrar em livros colônias de cupim, devido a presença do seu maior alimento: A celulose – https://lendomuito.wordpress.com/2016/02/11/cuidado-com-os-livros/
As madeiras são compostas de fibras e celulose, e quanto mais dura a madeira, mais densa é sua composição, caracterizando maior relação de fibras em relação à celulose. Logo espécies que geralmente utilizamos para pisos, são menos propensas a sofrerem ataques deste tipo de insetos. Já espécies de madeira mais macias e de poda em um estado mais jovem, como o pinus por exemplo, estão mais propensas a sofrerem um ataque. Mesmo assim, isso seria uma consequência da colônia ter atingido maior tamanho e fontes mais fáceis de alimentação celulose próximas já terem atingido esgotamento.
Em linhas gerais, para o cupim chegar ao ponto de tentar consumir uma madeira dura, como as utilizadas para pisos de madeira maciça – nesse tocante nos referimos a madeira maciça, visto que pisos flutuantes compostos por MDF ou MDP são um prato cheio para esse tipo de infestação – basicamente o cômodo onde encontra-se o foco da infestação estaria dando sinais da presença desses insetos, com diversos itens já consumidos previamente, como livros, rodapés, armários e até roupas.
Popularmente conhecido como cupim de concreto, está espécie não se diferencia das suas demais no que tange o seu paladar – se alimenta essencialmente de celulose e não de concreto como diz seu nome – mas esta espécie, com caráter mais urbano e voraz, se caracteriza por construir suas colônias nos mais diversos elementos de alvenaria e no subterrâneo, locais ricos em umidade e com pouca presença de luz.
Diferentemente dos cupins de madeira seca, esta espécie desenvolveu outras ferramentas de construção de colônias, permitindo, além de expandir o seu território de ação (de um quarto, como no cupim de madeira que age pontualmente, para um prédio inteiro), aumentar consideravelmente o tamanho demográfico da sua colônia. Permitindo encontrar cupinzeiros enterrados no subterrâneo, dentro da alvenaria de prédios (tijolos, reboco, conduítes), habitando de maneira oculta os interiores de casas, comércios e demais residências, desgastando lentamente suas estruturas para a expansão das galerias da colônia enquanto se proliferam.
Mais perigosos devido ao raio de alcance da sua ação, estes cupins normalmente já habitam o local no qual o foco é identificado e assim como os demais possuem uma relação de total interdependência com a colônia, incapacitando o transporte da contaminação por cupim de um local para o outro. Existem diversas empresas especializadas no combate deste inseto, bem como na imunização de um ambiente específico, prevenindo sua ação destrutiva.
No ramo da madeira é comum escutar frases do tipo: “Essa madeira já veio com cupim”. A afirmação pode até estar correta, entretanto é uma característica intrínseca dos cupins o seu caráter de dependência da sua colônia. Ou seja, uma madeira que transporta um cupim, geralmente está carregando um “lobo solitário”, ou mesmo alguns. A verdade é que esses seres não são capazes de viver longe da sua rainha, ou mesmo formatar uma nova colônia, então é tecnicamente impossível que um piso de madeira vá para casa do cliente infestado de cupins. Seria necessário uma operação cirúrgica para transportar a rainha e sua colônia de uma forma segura.
O que podemos ver em uma casa ou apartamento é a infestação de cupins partindo de uma colônia próxima, colônia essa que pode estar em um raio de até um km de distância da infestação. Em linhas gerais, os cupins operários e soldados avançam na busca por celulose e retornam para a colônia, mantendo um fluxo de ida e vinda em busca de alimento. O cupim pode chegar a um apartamento pelos canos, buracos em alvenaria e assim por diante, buscando sempre um lugar úmido com presença de celulose macia para alimentação. Isso significa que em grande partes das vezes, uma infestação de cupim tem possivelmente uma infiltração, ou uma fonte de umidade em contato com madeira ou papéis como seu fato gerador, atraindo assim, a chegada dos animais em busca de alimento.
Com o local de instalação devidamente imunizado o seu piso de madeira não será alvo e se manterá integro e belo – Studio Ro+Ca – acervo Parquet Nobre
Trabalhar com prevenção ainda é a melhor saída para se defender de uma possível infestação. Usualmente, empresas especializadas podem realizar um bloqueio ou barreira química, protegendo a casa da chegada dos cupins. Nesse tipo de prevenção é aplicado um composto em forma de pó e líquido em pontos estratégicos e por dentro das paredes e tubulações, criando uma barreira que impede a entrada de qualquer xilofago que não seja bem vindo.
Outro ponto que pode ajudar na prevenção ocorre durante o período de obra ou reforma. Quanto mais sobreposições houverem, do tipo, piso sobre piso, colocação de material novo sobre antigo, recapeamento de contrapiso antigo e assim por diante, vão se criando camadas atrativas para esse tipo de infestação. Essas camadas misturam materiais novos e antigos, com vazios e pontos propícios para acumular umidade e restos de celulose. Ou seja uma boa forma de prevenir uma infestação, é trabalhar na reforma seguindo uma cartilha clara de distinção das camadas, não sobrepondo materiais e evitando deixar detritos construtivos pelo caminho.
Procure deterizadoras especializadas para combate ou prevenção de cupins – https://www.desentupidoraemportoalegre.com.br/dedetizacao-de-cupim-porto-alegre/
O medo do mito do cupim não justifica a utilização de materiais mais danosos para o meio ambiente, como vinílicos, porcelanatos e afins. Até porque, como explicado acima, madeiras duras estão nas últimas posições na lista de preferências desse tipo de animal. Uma boa prevenção se faz valer na proteção da casa como um todo, e madeira continua sendo um material de alta performance e durabilidade, independente da fome desses animaizinhos