Parquet NobreA madeira é um material dotado de extrema beleza, muito utilizado na arquitetura e design de interiores para pisos, revestimentos e mobiliário. Porém, sua utilização ainda é cercada de mitos, que muitas vezes depõem contra a utilização do material, criando uma certa confusão, posicionando-o como vilão ambiental ou de difícil cuidado e pouca durabilidade.
A verdade é que a madeira é exatamente o oposto disso, e sua utilização tem diversos benefícios para o meio ambiente e o bem estar humano. Infelizmente, o Brasil ainda está engatinhando na utilização responsável deste recurso, diferente de países de primeiro mundo como, EUA, França, Inglaterra e Canadá. Cabendo destaque especial para o Canadá, que mesmo com a utilização ampla da madeira, aumentou consideravelmente sua cobertura vegetal nos últimos anos, provando que é possível utilizar esse material nobre e manter as florestas de pé e em expansão.
Mesmo assim, as pessoas ainda carregam em seu imaginário muitos conceitos deturpados a respeito da sua utilização, como a questão ambiental, sua resistência, durabilidade e custo. E na contramão da ótica sustentável, utilizam-se de materiais industrializados que imitam a madeira pela sua estética, não sabendo dos enormes passivos ambientais por trás desses produtos.. Por isso, desvendar esses mitos é parte fundamental para maior utilização do material, colhendo assim o retorno de seus benefícios para as pessoas e a natureza, evitando cair nas armadilhas das cópias e promessas de sustentabilidade baseadas em falsos discursos.
Registro do trabalho de catalogação de árvores por famílias extrativistas na Amazônia apoiadas pelo Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM). fonte: http://www.idam.am.gov.br/idam-incentiva-familias-extrativistas-a-trabalharem-na-legalidade/O primeiro grande mito, que merece destaque especial é o que a utilização de artefatos de madeira promove o desmatamento e provoca danos ambientais.
Pelo contrário, hoje é amplamente provado que utilizar madeira ajuda na preservação do meio-ambiente, sobretudo em florestas geridas de modo sustentável, onde a taxa de árvores plantadas é maior que a de cortadas e o tempo de regeneração é respeitado. A madeira é um material renovável e versátil, sendo uma das poucas matérias primas que podem ser plantadas, com seu crescimento alimentado somente por CO2, água e energia solar e os nutrientes do próprio solo. Árvores crescem a partir de uma semente e seu ciclo é totalmente renovável e independe de fontes fósseis ou finitas, que hoje comprovadamente são apontadas como grande vilões da natureza.
Além disso, utilizar madeira contribui fortemente para a redução de gases que provocam efeito estufa, pois o CO2 retido na árvore continua afastado da atmosfera, em oposição a outros materiais que emitem carbono para sua produção, como exemplo o cimento que é responsável por 6% das emissões de CO2 mundiais. Em suma, a árvore sequestra o CO2 da atmosfera durante seu crescimento, e ao ser transformada em produto, esse carbono que estaria na atmosfera fica retido de forma definitiva não retornando ao ar que respiramos. Hoje essa taxa de retenção é de aproximadamente 1 tonelada de CO² para cada 1 m³ de madeira. Ou seja, quanto mais elementos de madeira dentro de casa, mais gás carbônico retirado da atmosfera.
Em termos de extração e gestão das florestas, o manejo florestal é visto hoje como uma forma de manter as florestas gerando receitas e insumos de forma continua, justificando assim sua manutenção ativa, como geradora de riqueza e matéria prima. Por isso a utilização da madeira de fontes responsáveis, com documento de origem ou certificação, pode ser uma excelente forma de garantir que as florestas continuem preservadas e fechando o ciclo de sustentabilidade, uma vez que geram recursos para serem distribuídos nas comunidades que dependem dela.
Micasa Vol. C – Projeto do Escritório MK27 com Marcio Tanaka, executado por Carpinteria – Exemplificando como estruturas de madeira não estão distantes da nossa realidade e já estão inseridas nos centros urbanos fonte: http://studiomk27.com.br/micasa-vol-c/#8O mito da resistência também é muito associado à utilização da madeira em estruturas e revestimentos, sempre atrelados a preocupação de um incidente com fogo ou que demande maior resistência estrutural.
Mais um exemplo de mito historicamente atrasado, pois associa a madeira a períodos históricos onde não se dominava a técnica acerca do material. Hoje em dia, existem diversos testes no ambiente acadêmico que demonstram a utilização do material atrelada a altíssima performance de carga e resistência a chamas. A madeira é altamente resistente ao fogo, seus inúmeros testes em laboratório comprovam que o tempo de deformação do material frente ao aço é muito maior. Em linhas gerais, isso significa que se um prédio está pegando fogo, o tempo de escapar em uma estrutura de madeira é altíssimo, sendo assim, mais segura nesse tipo de sinistro.
Além disso, uma estrutura de madeira, além de resistente é leve, o que a torna altamente ecológica, visto que as fundações para uma construção precisam ser menos profundas, demandando menor movimentação de terra, emissor de altos índices de gás carbônico e um dos procedimentos de maior impacto para o meio ambiente dentro da construção civil. Esses fatores que vem levando países de primeiro mundo a criarem políticas públicas de incentivo ao uso da madeira na construção, desenvolvendo inclusive prédios inteiros com estrutura e fechamentos de madeira de reflorestamento e manejo florestal.
Na utilização como superfícies, no caso de um revestimentos ou pisos de madeira por exemplo, o material é extremamente resistente, além de não propagar chama, ou seja, um revestimento de madeira como um piso é seguro pois seu tempo para combustão é altíssimo, características que agregam durabilidade ao material e segurança no caso de um acidente com fogo dentro de casa.
Deck da Ilha Joséfa – Projeto do Escritório Bernardes Arquitetura, executado e instalado por Parquet Nobre – Exemplificando como mesmo em condições adversas, chuva, maresia, sol, calor, um projeto todo realizado em madeira pode ter sua durabilidade mantida por muito tempo. fonte: Acervo Parquet NobreA difícil definição de durabilidade é um dos mitos que mais denigrem o material em termos comerciais, visto que é um conceito muito relativo, que facilmente pode ser deturpado. Madeira é realmente um material natural, e essa essência que o torna tão bonito e sustentável, então sim, o material tem um ciclo de vida que pode ser extremamente longo ou curto, dependendo das técnicas que são aplicadas em sua conservação. Em qualquer situação, tanto para utilização interna como externa, um bom começo é utilizar madeira seca em estufa, de modo a diminuir trocas extremas de umidade com o ambiente, fator esse que pode levar a uma deterioração precoce do material por estresse das fibras.
No tocante das áreas externas, como decks e fachadas por exemplo, além de utilizar madeira seca ou aclimatada, existem tratamentos e técnicas para prolongar sua durabilidade, como utilizar os elementos estruturais longe do contato constante com o solo e fontes de umidade, afastando assim das trocas intensas com a umidade. Além disso existem produtos de altíssima qualidade para formar camadas de proteção no material, como stain ou óleos de base vegetal. Obviamente, para ter seu tempo de vida comparável a de uma estrutura ou revestimento interno, será necessário manter uma manutenção periódica maior.
Para uso interno, como um piso de madeira ou mobiliário, a durabilidade do material é incomparável. Visto que, diferente de outros revestimentos e materiais, a madeira para permite manutenção e renovação. Então por mais que um piso aparente se desgastar mais rápido, isso é um grande mito. A madeira se desgasta como todos os outros materiais, mas diferente deles, esse desgaste, que torna-se visualmente incômodo, é facilmente recuperável, tornando-se novo mais uma vez. Essa seria então, uma das maiores qualidades ecológicas da madeira frente a outros revestimentos, visto que sua manutenção não gera resíduos, e o lixo de um material descartado gera um passivo ecológico enorme, principalmente tratando-se de materiais a base de plástico, como vinílicos e calcário presentes nos porcelanatos, por exemplo.
Justamente essa característica, da renovação e durabilidade, que derruba outro mito associado, o do elevado custo. A verdade que quando adquirimos um artefato de madeira, como um piso, um mobiliário ou mesmo uma casa, estamos investindo diretamente nos benefícios associados, demandando assim, uma revisão da nossa visão padrão de custo x benefício.
Em linhas gerais, a madeira é uma fonte renovável e de fácil absorção pela natureza no momento do seu descarte. Somado a isso, temos uma alta economia de água, pois em sua fabricação a utilização desse importante recurso é nula, sendo notório que tal recurso é uma das grandes preocupações de escassez para as próximas décadas.
Outro fator de destaque é a energia. Em nosso país ainda dependemos muito de energias fósseis e de combustão, altamente poluentes e danosas ao meio ambiente. O consumo de energia para produção de um piso de madeira, é ínfimo quando comparado a outros materiais de base plástica ou mesmo cerâmica, que demandam altas cargas energéticas para conversão de suas matérias primas em artefatos, gerando assim poluição em seu processo de produção. Após a árvore ser cortada, a energia utilizada no processamento e transporte da madeira é muito pequena quando comparada com a energia necessária para produção de cimento, aço e alumínio. Por exemplo, o aço consome 5x mais energia que a extração e o beneficiamento da madeira, e o concreto, por sua vez, consome 24x a mais quando comparados.
Outro benefício geralmente não colocado na conta, mas que vem se tornando cada vez mais importante, é relacionado ao bem estar. Cada dia que passa temos convivido mais tempo em nossas residências, e é cientificamente comprovado que a madeira aplicada nos ambientes trás diversos retornos ao bem estar.
Trata -se de um material hipoalergênico, e também com baixo índice de compostos voláteis em sua composição, garantindo que o ar interno do espaço tenha menos compostos danosos à saúde se decompondo no ambiente; Trata se de um ótimo isolante térmico e acústico, deixando o espaço mais confortável ao toque e mais propício ao relaxamento; Somado a esses efeitos, o conforto psicológico, visto que a madeira cria conexões afetivas na memória, dado a sua utilização que permeia a história do desenvolvimento humano, acrescido do estímulo cerebral, visto que nenhuma peça de madeira é igual a outra, criando nos seres humanos um exercício mental de percepção e encantamento, identificando a conexão da verdade natural do material. Fator esse que nunca poderá ser copiado por materiais industrializados.
Todos esses benefícios, criam uma nova dinâmica para entender a percepção de custo em relação com o esse tipo de revestimento. Em linhas gerais, sim, a madeira pode ter um custo um pouco mais alto frente a outros produtos de fabricação em escala e altamente danosos ao meio ambiente, porém seus benefícios são tamanhos tornando essa conta simples ao realizar o comparativo, criando assim um conceito de investimento em oposição a idéia de custo. Além disso, com a ampliação de sua utilização, novas tecnologias de extração e produção vão sendo agregadas, e naturalmente os custos do material diminuirão na ponta, criando assim uma sinergia de consumo e retorno para a sociedade que passa a ter mais acesso a um material benéfico e sustentável..
Desconstruída a idéia desses quatro grandes mitos acerca da madeira, ainda temos os benefícios associados que raramente são divulgados, mas que dentro de uma consciência ecológica, são fatores decisivos na hora de optar pela utilização do material.
Utilizar madeira é ótimo para o bem estar, para a natureza e seu bolso. Mesmo que para muitos ainda não seja possível uma casa inteira de madeira, um piso ou mesmo um revestimento já traz diversas vantagens atreladas a sua utilização. Utilizar madeira é quase um manifesto de consciência e demonstra uma preocupação legítima com as florestas e nossos recursos naturais. A beleza dos novos tempos está associada a verdade das nossas escolhas e utilizar madeira de fontes responsáveis, ao invés de outros materiais prejudiciais e com uma falsa promessa de sustentabilidade, é uma grande assinatura de responsabilidade e cuidado legítimo.
