AS PRINCIPAIS TENDÊNCIAS SUSTENTÁVEIS NA ARQUITETURA

Gaby Rodrigues - 2023

TEMPO DE LEITURA - 8 minutos

As mudanças sociais, tecnológicas e culturais do mundo acabam influenciando diversas áreas do conhecimento e transformam a nossa forma de viver. E claro, não poderia ser diferente quando o assunto é arquitetura. Por isso, podemos dizer que algumas das principais tendências desse mercado, em 2023, incluem o uso de materiais naturais, a adoção de tecnologias inovadoras e o aumento da demanda por espaços de convivência flexíveis e versáteis.

Isso porque a sustentabilidade atualmente é o principal tema discutido, sendo um desafio do presente para o futuro das próximas gerações. Por isso, vamos conferir alguns materiais e tendências que ajudam a trazer bem-estar e sofisticação para os ambientes e ainda colaboram para a redução dos impactos ambientais.

1. Uso de materiais derivados de lixo

Essa prática faz parte do conceito mais amplo de economia circular, ou seja, que visa reduzir o desperdício e promover o reaproveitamento de materiais para prolongar sua vida. O uso de materiais derivados de lixo como soluções de revestimentos e mobiliários é uma abordagem sustentável e inovadora na indústria do design e da arquitetura, sendo uma tendência que veio para ficar.

Há muitas formas criativas de reaproveitar materiais derivados de lixo em revestimento e mobiliários. Uma delas é o revestimento de parede. Dá para produzir painéis feitos a partir de materiais reciclados, como papelão, plástico ou resíduos de madeira. Em mobiliário, mesas, cadeiras e estantes construídas com paletes de madeira reciclados são uma alternativa. Mas a criatividade e a sofisticação podem tomar conta para produção de construção de móveis, iluminação, pisos e até mesmo arte e decoração.
Além de proporcionar soluções de design únicas, o uso de materiais derivados de lixo também ajuda a reduzir o impacto ambiental, diminuindo a quantidade de resíduos enviados para aterros sanitários e economizando recursos naturais. É uma maneira criativa de dar uma nova vida a materiais que seriam descartados, promovendo uma abordagem mais consciente e responsável no setor de design e construção.

Revestimento feito da borra de café                                     Uso de plástico reciclado

Fonte: Recoffee e Ecobirdy
2. Uso de materiais naturais (biomateriais)

A prática de usar materiais naturais, além de sustentável, valoriza a beleza e as propriedades naturais, proporcionando espaços mais saudáveis, esteticamente agradáveis e, claro, ecologicamente responsáveis. Alguns biomateriais estão em ascensão na construção, design e arquitetura, como no caso do cânhamo, fungos, algas e cactos. Outros, como a madeira, mantém o posto de material sofisticado, tradicional e sustentável. Vamos falar sobre alguns deles.

Madeira

A madeira é um dos materiais naturais mais antigos usado na construção civil, sendo usada desde muito tempo por sua beleza, resistência e conforto térmico. Além disso, o material traz a sensação de relaxamento e bem-estar para os espaços, contribuindo para a queda dos níveis de estresse de quem habita o local. É um material completo: bom para o bem-estar, para o bolso e também para a natureza. A madeira também é muito versátil, e pode ser utilizada em ambientes internos e externos conferindo a ambos um ar estético diferenciado.
O material é tão relevante, e bom para o meio ambiente, que a Suécia está se preparando para construir uma “Stockholm Wood City”, ou seja, o maior projeto urbano em madeira do mundo. Misturando locais de trabalho, casas, restaurantes e lojas, a cidade terá 7 mil escritórios e 2 mil residências.

Fonte: CNN Style

Confira aqui os mitos sobre a utilização da madeira e seus benefícios em projetos de arquitetura.

E aqui a nossa variedade de produtos que comprova a versatilidade da madeira.

Projeto: Duda Porto Arquitetura | Foto: MCA Estúdio

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Micélio

Outro material natural que está cada vez mais em alta é o micélio. Micélio é um conjunto de microscópicos filamentos tubulares ramificados (hifas) dos fungos, que cresce no solo ou em substratos, sendo a parte vegetativa dos fungos – a parte visível, como um cogumelo, por exemplo, é o fruto.

Existem mais de 14 mil espécies de micélios e cogumelos no mundo, de modo que a pesquisa ainda pode se expandir muito mais. Além de seu crescimento rápido, o micélio tem qualidades bastantes desejáveis: é atóxico, isolante térmico, retardante de chamas e tem boa performance acústica. Por isso mesmo o material é uma tendência sustentável e tem sido cada vez mais utilizado e desenvolvido na arquitetura, seja como isolamento térmico ou até mesmo para fabricação de painéis ou tijolos leves e biodegradáveis.

Um exemplo de uso do micélio na arquitetura é a criação dos painéis acústicos “Edge”, criados pela startup inglesa Biohm, que além da absorção do ruído ainda ajudam na regulação passiva da umidade e no balanceamento da temperatura ambiente.

Fonte: Biohm

Um outro exemplo foi o uso do material na construção de tijolos. O responsável foi o especialista em fungos, Philip Ross, um dos fundadores da empresa norte-americana MycoWorks, que criou os tijolos feitos do material altamente resistente, mais até do que blocos de concreto.

 

Fonte: SF Gate e Trendir
Cânhamo

Aqui temos o exemplo de um material que não é novidade no uso de fabricação de tecidos, e até mesmo na construção civil, mas que pode virar uma tendência sustentável nos próximos anos. Estima-se que o cânhamo tenha sido uma das principais plantas a serem cultivadas pela humanidade, no entanto ainda há muito preconceito e contradições envolvendo a história da Cannabis sativa pelo mundo.
A primeira argamassa feita de cânhamo foi descoberta em pilares de pontes, onde hoje é conhecida como a França. Sabe-se que os romanos adicionavam as suas fibras para reforçar as argamassas de suas construções. Hoje em dia, ainda existem entraves legais em muitos países, mas a utilização do cânhamos como um material da construção civil tem tido resultados animadores, com pesquisas evidenciando principalmente suas boas características termoacústicas e sustentáveis. Além disso, também apresenta boa resistência ao fogo, é atóxico e possui resistência natural ao mofo e insetos. O cânhamo é versátil e pode ser moldado como painéis fibrosos, revestimentos, chapas e até como tijolos.

Fonte: Archdaily
3. Moradias off-grid

As moradias off-grid, também conhecidas como casas off-grid (ou fora das redes), se encaixam perfeitamente na tendência sustentável. Isso porque elas são residências que operam de forma independente da rede elétrica e de outras redes públicas de serviços, como água e esgoto. A ideia é que elas sejam mesmo autossuficientes, e que o balanço de que tudo que a casa consome e produz nunca pode ser negativo. Além disso, essa tendência ajuda no problema da superlotação dos grandes centros urbanos e é um ótimo exemplo de como podemos conviver em harmonia com nosso meio ambiente sem que seja necessária a sua completa destruição.
As casas off-grid atraem pessoas que buscam maior independência e autonomia em relação aos serviços públicos, bem como uma abordagem mais sustentável para o uso de recursos naturais.

Fonte: Archdaily
Confira algumas características das moradias off-grid:

. Energia autossuficiente: usam sistema de energia renovável, como painéis solares, turbinas eólicas ou até mesmo geradores movidos a biogás.
. Armazenamento de energia: uso de baterias que acumulam a energia produzida em momentos de maior geração para ser usada quando a demanda é maior ou quando não há geração.
. Gestão eficiente de recursos: uso de isolamento térmico, janelas eficientes, sistemas de reciclagem de água e o uso de materiais sustentáveis na construção.
. Tratamento de resíduos: essas moradias frequentemente possuem sistemas de tratamento de esgoto ou compostagem de resíduos orgânicos para minimizar o impacto ambiental.
. Localização remota: embora nem todas as casas off-grid estejam localizadas em áreas remotas, muitas vezes, elas são encontradas em locais isolados, onde é mais difícil estender a infraestrutura da rede elétrica ou de serviços públicos.

4. Energia Solar

O Brasil, sendo um país tropical, é um dos países que mais produz energia solar no mundo e o uso da energia solar está em constante crescimento no país. Com a implementação da Lei do Marco Legal da Geração Distribuída, o ano de 2023 será ainda mais importante para o mercado da energia solar no Brasil. A energia solar utiliza a luz do sol como fonte para geração de energia. Além de ser renovável, a energia solar também permite a instalação em locais remotos, onde as redes de infraestrutura elétrica não chegam.
A instalação dos painéis fotovoltaicos tem um custo inicial elevado, mas com um bom retorno econômico a longo prazo, já que eles podem reduzir a conta de energia em 50% a 95%. Sem dúvida essa é uma tendência sustentável que veio para ficar e fará parte de muitos projetos de arquitetura, seja residencial, comercial ou urbano.

Fonte: Pexels 
5. Design biofílico

Você sabia que olhar para uma vista da natureza por 40 segundos restaura o seu poder de atenção e ajuda a diminuir os sintomas de cansaço, por exemplo? Com a pandemia de Covid-19, as pessoas sentiram necessidade de criar uma reconexão com a natureza e com espaços mais saudáveis e produtivos. Por isso, aqui o design biofílico se encaixa como uma tendência que continua em expansão. O design biofílico, assim como as formas orgânicas, baseia-se em espaços de conexão com a natureza, sendo uma forma diferente de criar ambientes saudáveis, criando espaços que estimulam a criatividade, favorecem a motivação e reduzem o estresse. O termo biofilia significa “amor à vida” e foi nomeado por Erich Fromm, psicólogo e filósofo.

A ideia é que os moradores tenham experiências diretas com texturas naturais e imagens que lembram o meio ambiente e até mesmo a vida selvagem. Aqui então é possível adotar vegetação natural em ambientes internos, como vasos de plantas, ou implementar paredes verdes, jardins verticais e canteiros dentro do lar. O próprio visual dos materiais naturais já é considerado benéfico, uma vez que transmite a sensação de acolhimento e integração. Assim, pedras, madeira e terra ganham a vez e se tornam uma importante tendência.

Fonte: Casa de Valentina
6. Economia circular

Por fim, temos a prática da economia circular. Também chamada de upcycling, é outro exemplo sustentável que vem se firmando como tendência nos últimos anos também no mundo da arquitetura e do design. Ela consiste em transformar ou reaproveitar itens usados, como encontrados em brechós e antiquários, de forma criativa e valor agregado. Afinal, ao garimpar itens de brechó e antiquário, as pessoas contribuem para a redução do desperdício sem deixar de valorizar a história e a singularidade de cada peça. Mas o que dá para fazer utilizando a prática da economia circular? Dá para reformar móveis antigos, reaproveitar portas antigas transformando-as em mesas, cabeceiras de cama ou estantes e utilizar muitas peças únicas garimpadas em objetos de decoração. Qualquer coisa que a imaginação for capaz. Um bom exemplo de criatividade com economia circular vem da cenógrafa e diretora artística carioca, Gigi Barreto. A decoração de seu apartamento de 400 m² é bem afetiva e cheia de personalidade, com muitos itens garimpados, arte, fotos pessoais e plantas.

Projeto: Natalia Lemos + Pupa Studio | Foto: MCA Estúdio

Como podemos ver, são muitas as vantagens de aplicar uma arquitetura sustentável. Podemos listar aqui a preservação do meio ambiente, já que o setor da construção civil é um dos que mais causam impactos no ambiente, mais bem-estar e benefícios para a saúde (redução de poluição entre outros), eficiência energética e hídrica e mais justa socialmente, pois a construção de um ambiente sustentável traz autonomia às comunidades, já que elas se tornam capazes de satisfazer as suas próprias necessidades se depender de terceiros.

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